A verdadeira crise do Brasil

As despesas do Governo Federal saltaram de R$ 413 bilhões, em 2003, para R$ 570 bilhões, em 2007. A arrecadação que era de R$ 365 bilhões disparou para R$ 513 bilhões, no ano passado. A dívida interna cresceu 40% no atual governo e atingiu a incrível cifra de R$ 1,4 trilhão. Mesmo deficitário, o Governo Federal contratou mais de 200 mil pessoas, nos últimos cinco anos.

A nossa carga tributária é a maior do planeta, o Governo gasta mais do que arrecada, gasta mal, e o pior: essa situação não é diferente nos Estados e Municípios.

É preciso elaborar políticas macro-econômicas eficazes para reduzir e simplificar a estrutura tributária; aumentar a taxa de investimento e torná-la compatível com o crescimento desejado pela sociedade; e exigir que os governos federal, estaduais e municipais obedeçam à lei de responsabilidade fiscal, diminuindo o grau de endividamento do setor público, em relação ao PIB.

O aperfeiçoamento das políticas de desenvolvimento poderá fazer com que o Brasil eleve os investimentos totais em infraestrutura, adequando sua base ao processo de desenvolvimento econômico e social. E a implementação de uma efetiva política industrial, tecnológica e de comércio exterior aumentará a participação dos produtos industrializados na pauta das exportações brasileiras.

É necessário que haja uma reforma do sistema político que permita estreitar os vínculos entre o eleitor e seus representantes, fortalecendo os partidos políticos e ampliando a responsabilidade parlamentar.

Para evitar o comprometimento da qualidade e do uso dos recursos naturais, é preciso implementar políticas ambientais adequadas.

Somente com a introdução de novas políticas educacionais será possível proporcionar uma progressiva melhoria da qualidade do ensino básico no Brasil e posicionar a nossa sociedade no mesmo nível de qualificação, para o mercado de trabalho e cidadania, que as sociedades dos países desenvolvidos.

A aplicação eficiente e eficaz de políticas sociais poderá reduzir as desigualdades no Brasil, aproximando seus indicadores dos valores apresentados pelos países desenvolvidos; estruturar um sistema previdenciário financeiramente equilibrado, com regras equânimes para trabalhadores da iniciativa privada e para servidores públicos; e promover a ampliação do acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), melhorando a qualidade dos serviços ofertados.

O sistema policial e o sistema judiciário precisam ser fortalecidos e modernizados para permitir a redução dos atuais e inaceitáveis índices de criminalidade e violência.

A crise brasileira não está em seu sistema financeiro, essa crise do subprime que teve início nos Estados Unidos, se alastra mundo afora e já está contaminando o Brasil, indiretamente, decorrente do enfraquecimento da demanda global. A verdadeira crise do Brasil se aninha em suas fragilidades internas sistêmicas, como a sua carga tributária escorchante; o descaso com a classe média; a falta de investimentos em obras de infra-estrutura econômica e social; o combate frouxo à corrupção, à impunidade, à violência, ao analfabetismo; e a incompetência gerencial do poder público.

Falta vontade política e coragem para enfrentar o enorme desafio que é promover as mudanças que o Brasil precisa. Para evitar um colapso sócio-econômico, que é só questão de tempo, a sociedade brasileira precisa exigir que as reformas estruturais saiam do papel, imediatamente.

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